Nosso organismo está numa incessante busca de homeostase, ou seja, todo o funcionamento do nosso corpo está em uma sintonia quase que perfeita. Basta que alguma dor, inflamação ou doença comece a se instalar para que todo nosso sistema de defesas comece uma guerra interna para que tudo volte a “normalidade”.

Em toda nossa cultura ocidental somos treinados desde a infância para ser o primeiro da sala. A maioria dos filmes e grandes produções de Hollywood nos apresenta um herói que sempre vence, derrotando seu oponente. Esse clima de competição é instalado aos poucos em nossa vida, onde para ser o melhor temos que vencer sempre. Ter sucesso é sempre passar pelos obstáculos sendo o primeiro, o segundo lugar, culturalmente, foi reservado aos perdedores.

Neste contexto percebo um aumento significativo de pessoas com transtornos mentais em nosso consultório. Se eu pudesse escolher, gostaria de receber mais clientes para promover o seu desenvolvimento pessoal e profissional do que trabalhar uma doença psicológica instalada devido a essa cultura do sucesso. Atualmente vive-se a busca do ter e não do ser. A auto sabotagem começa em pensar que somos heróis vestidos de terno e gravata prontos para tudo. O homem de sucesso tem sua vulnerabilidade e frustração como aliada e não como inimiga número um. Aquele que culpa, não cuida de suas mazelas, pelo contrário deposita suas sujeiras mentais no outro promovendo um ambiente hostil, um verdadeiro campo de batalha para ver quem sobrevive. Resultados extraordinários nascem da cooperação em trabalhar as diferenças a partir de si.

A auto sabotagem nasce da ignorância de não se conhecer. Antes de apontar dedos e procurar culpados faça sempre uma autorreflexão. Infelizmente boa parte dos pais não ensinaram a arte de lidar com frustrações, buscaram incentivar somente o sucesso. Torço para que os futuros pais ensinem a essa nova geração que o erro pode ser o grande princípio do acerto.

O homem moderno busca no cenário de fracasso a mola propulsora para o seu maior passo, conhecer a si mesmo. Espero que com essa reflexão possamos enfrentar nosso grande inimigo nestes tempos; nosso próprio ego.

 Até breve.

Dione Nunes Franciscato

Psicólogo CRP 08/18047