Tá nervoso? Vai pescar…

Tá nervoso? Vai pescar…

Nem sempre ficar ocioso nos leva à um estado de calmaria. O stress é um fenômeno comum e natural do humano. Graças a ele, aciona-se mecanismos de sobrevivência, tanto para a busca de grandes conquistas, como para se proteger de ameaças reais ou imaginárias e de aspectos que pareçam ameaçadores. Na atualidade este tema tem se colocado em foco devido as grandes pressões que a vida contemporânea vem exigindo em todas as esferas da nossa existência, seja no trabalho, na família, na vida social e tantos outros aspectos.

Neste contexto, temos que tomar o cuidado de não balizar o termo stress. No cotidiano ele vem sendo usado pelas pessoas como algo totalmente nocivo a vida humana. O stress pode fazer muito bem até certo ponto, mobilizando à ações, à criatividade, à busca de soluções e novas ideias. O tédio ou uma vida enfadonha e sem atrativos ou desafios, também pode ser tão desgastante quanto uma vida agitada ou que necessite de constantes adaptações.

As pessoas afirmam que estão em stress quando estão, por exemplo: trabalhando demais; estudando para o vestibular; construindo uma casa; lidando com a doença de um familiar que requer cuidado; com conflitos familiares, sociais ou de trabalho; perda de emprego; aposentadoria; uma separação; um divórcio; frente à morte ou perda de um ente querido; com dificuldades sexuais; com frustrações; passando por injúrias; entre outros. Apesar de o termo estar integrado no vocabulário a ponto de o homem não conseguir mais corrigi-lo, na verdade, nada disso é stress. Tratam-se de fontes, de fatores e causas de stress. (KELLER,2007)

Neste cenário é muito difícil definir o que é stress de pessoa para pessoa, pois, cada um dentro da sua subjetividade e sua forma de ser encara ou entende o que de fato é fator estressante para si mesmo. Por exemplo: pescar para alguns pode ser extremamente relaxante, porém para outros é motivo de muita frustação, sendo um fator estressante.

O stress no seu sentido nocivo à saúde pode provocar vários sintomas. Pelletier (1997), com base na lista de sintomas do psicólogo Michael Antoni, da Universidade de Miami, e seus colegas, apresenta uma classificação de sintomas de stress da seguinte forma:

Sintomas Cognitivos

Ansiedade, expectativa receosa, baixa concentração, dificuldade de memória.

Sintomas Emocionais

Sensações de tensão, irritabilidade, inquietação, angústia, incapacidade de relaxar, depressão.

Sintomas Comportamentais

Esquivar-se de tarefas, problemas de sono, dificuldade de concluir deveres profissionais, nervosismo, tremores, fisionomia cansada, punhos cerrados, choro, mudanças de hábitos alimentares, relacionados à bebida ou ao cigarro.

Sintomas Fisiológicos

Músculos doloridos ou tensos, ranger de dentes, transpiração, dores de cabeça devida à tensão, sensação de desmaio iminente, sensação de sufocamento, dificuldade de engolir, dor de estômago, náusea, vômito, intestino solto, constipação, freqüência e urgência para urinar, perda de interesse no sexo, cansaço, calafrios ou tremores, perda ou ganho de peso, atenção exagerada aos batimentos cardíacos.

Sintomas Sociais

Algumas pessoas procuram outras em busca de companhia. Algumas pessoas se isolam. A qualidade dos relacionamentos pode mudar quando uma pessoa está sob stress.

São inúmeros os fatores estressores, sendo que em cada um ele se manifesta de um jeito especifico, levando a várias fases e níveis, considerando o fator disfuncional do stress. Neste caso, é necessário uma análise clinica completa da história de vida do paciente, para que se possa identificar esses fatores e realizar as devidas intervenções a fim de melhor controlar o stress nocivo à saúde.

Então existe um stress positivo? O stress (estresse) positivo, chamado eustress, assim como o negativo distress causa reações fisiológicas similares: as extremidades (mãos e pés) tendem a ficar suados e frios, a aceleração cardíaca e pressão arterial tendem a subir, o nível de tensão muscular tende a aumentar, entre outras reações. No nível emocional, no entanto, as reações ao stress são bastante diferentes. O eustress motiva e estimula a pessoa a lidar com a situação; e, ao contrário, o distress acovarda o indivíduo, fazendo com que se intimide e fuja da situação.

Vasconcellos (2000) também explica o eustress: ainda que implique em uma ativação exacerbada e numa descarga mais intensa de hormônios, a reação de alarme é normal e o comportamento adaptativo natural em qualquer organismo vivo. Ela pode ser chamada de uma reação saudável de stress, ou eustress (do grego “eu” que significa “bom”). (KELLER, 2007)

Esse autor esclarece que é muito comum encontrar a denominação eustress para identificar aquelas situações de stress que proporcionam uma sensação agradável, ainda que decorrente de um estado de grande excitação: um beijo apaixonado, a vitória do time preferido, uma promoção profissional, dançar uma bela música, ter uma relação sexual, entre outras.

O distress é explicado por Vasconcellos (2000) da seguinte forma: perdurando o estado de alerta por um certo tempo e incapacitado de voltar à fase de repouso e reposição de energia, o organismo resolve adaptar-se mais adequadamente à situação de stress a que está submetido. Para tanto, ele: a) alerta seus índices normais de atividade orgânica e b) concentra o processo de reação interna num determinado órgão (Mudança da Síndrome Geral de Adaptação – SAG para uma Síndrome de Adaptação Local – SAL). (KELLER, 2007)

Percebo que ambos são importantes para nossa existência, ou seja, equilibrar os polos é uma maneira mais saudável de enfrentamento do stress como um todo. Para tal empreitada como diz Aristóteles “Conhecer a si mesmo é o começo de toda sabedoria”, também de toda uma existência mais equilibrada, cheia de paz e harmonia.

Até breve,

Dione Nunes Franciscato

Psicólogo CRP 08/18047

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