Completude do ser. Quem roubou minhas partes?
Vivendo em meio a nossa míope forma de enxergar a realidade, o humano acaba por ser influenciado pelos que rodeiam, por aquilo que aguça seus sentidos desde seu nascimento, nas mais diversas maneiras do existir.
Somos tomados por informações, incompletudes da nossa existência e perdemos nossa essência com o passar dos anos. Descobrir-se é despir suas vestes, enxergar o que realmente é importante na sua vida para que possa viver a completude do seu ser, que ainda neste mundo é parte de um todo.
O Universo é feito de todos, de totalidades. Assim, cada ser, no sentido de algo percebido por minha consciência, chega como uma totalidade. Os olhos veem as partes e a consciência apreende a totalidade. A essência das coisas é constituída por sua totalidade e a existência por suas partes. (Ribeiro, 2006)
Estamos distantes e juntos ao mesmo tempo. Eu, daqui do meu lugar, posso me conectar em segundos com o outro a quilômetros, pela tecnologia. Mas me diga: você consegue se conectar à sua essência? Quem verdadeiramente é você? Estamos, em certos momentos, perdidos em nossa forma de ser no mundo, em nossa função, em nossa vida, essa que chamamos de existência humana.
Juntar nossas partes, compreendendo suas várias formas, ajuda a entender o nosso todo. Viver a nossa completude na limitação do ser de modo genuíno e verdadeiro, possibilita o aumento de nossa percepção do mundo em suas partes, que passa na relação com o outro e de tudo que há na vida.
Engraçada essa nossa existência da completude. Queremos sempre completar tudo, não conseguimos viver com aquilo que não é completo. Será que isso responde tanta indiferença, intolerância, violência e tristeza?
A única certeza é que tudo um dia vai terminar para todos nós, pois somos páginas neste livro da vida. Como será que estamos escrevendo nossa história? Alguém um dia vai ler, ou já está lendo, essa nossa complexa forma de ser.
Então, para encerrarmos este ensaio existencial, faço uma provocação a você leitor: Como estão suas partes? Como você está escrevendo sua história? Qual é a sua versão hoje? Viver a completude é olhar para o todo à partir da minha totalidade. Quanto mais nos conhecemos, podemos existir melhor nessa incompletude que é a vida humana.
Dione Nunes Franciscato
Psicólogo CRP 08/18047